domingo, 9 de fevereiro de 2014



APRENDER A VIVER A VIDA
                                                                                                                Wanderlino Arruda

         Tenho pena das pessoas que vivem sempre em estado de prontidão, à espera de um alarme, de um sinal, de um apito, pressionadas pelas exigências criadas pela própria vida de obrigações, ou pelas coações ou forças interiores, espirituais ou psicológicas, emitida a cada minuto. Tenho pena das pessoas que não aprenderam ou não querem aprender a desarmar-se na hora certa, numa descontração natural. E tenho pena dessas pessoas, infelizmente, no mundo de hoje, quase que fico com uma multidão de amigos nesse rol imenso de gente que só vive no meio de angústias. E não é bom, porque a vida é feliz ou infeliz, dependendo do que cada pessoa faz dela, da maneira como age ou deixa de agir.

        Confesso que também não sei se há amigos por aí com pena de mim, achando que estou dando conselho que não consigo obedecer, uma vez que também não me escapo da pressa, da multidão de compromissos, do que é fazer mais do que necessário, daquele achar que existe pouco horário pela frente para executar todas as tarefas do mundo num tempo curto. Mas como conselho não é para seguir, é para dar, e dar de graça, que nunca se viu alguém pagar conselhos. “Faça o que mando, não olhe o que faço”, tem sido um treiteiro ditado brasileiro, coisa da nossa arguta formação misturada de três raças, nem sempre sérias.

        O nosso mal é que queremos ou precisamos valorizar demais o sucesso, a competição, vitória que não se sabe qual será ou poderia ser. Nosso mal é não buscar somente a felicidade, como fazia antigamente o artesão, que visava apenas ao bem-estar, um sossego tranquilo de consciência, uma calma que oferecia muito mais qualidade de vida. Nunca me esqueço dos velhos sapateiros, das mulheres rendeiras, das cozinheiras que faziam cuscuz, dos lavradores de enxada e arado de tração animal, dos consertadores de cerca. Não me esqueço do tempo de futebol-arte sem tanta correria para passar na frente dos competidores. Essa tal filosofia do “importante é ter êxito” da era pós-industrial, instilada pelos donos de empresas, é que está atrapalhando tudo.

         Dizem que o homem tem angústia é pelo fato de ser o único animal que sabe da própria morte, ou melhor, que tem consciência de que vai morrer. É possível que isso lhe dê o aspecto altamente competitivo em que marca cada um dos seus dias, com a pressa de vencer, de conseguir o equilíbrio financeiro, a segurança, a posse, o prestígio social, o mando, infelizmente tudo muito relativo, pois nunca ninguém sabe o que é realmente suficiente a ponto de parar a luta. Não seria melhor voltar para o lado lúdico da vida? Por que não sempre buscar só a felicidade? Porque não imitar nossas crianças tão pouco preocupadas com a vitória imediata e muito mais envolvidas com o misterioso gosto do viver alegre?

          Não se pode dar todas as soluções. Mas de uma coisa creio que estou muito consciente: é preciso urgentemente aprender a viver a vida. E vive-la do melhor modo possível!

Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e de Montes Claros

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014



 Academia Maçônica de Letras do Norte de Minas 

                                                                                               Girleno Alencar

           A Academia Maçônica de Letras do Norte de Minas foi criada e instalada na noite de quinta-feira, em Montes Claros, sendo a primeira instituição acadêmica setorial da região, pois será formada apenas por obreiros das 75 lojas maçônicas dos 94 municípios de jurisdição do Conselho de Veneráveis do Norte de Minas (Convenorte). O veterano “imortal” Wanderlino Arruda foi eleito presidente organizador e será empossado oficialmente no dia 19 de março, para efetivar o registro oficial do Estatuto e do Regimento Interno.

            O presidente Wanderlino Arruda salienta que os levantamentos iniciais apontam aproximadamente cinquenta maçons aptos a participarem da Academia de Letras, por serem escritores, jornalistas, poetas e terem amplo conhecimento das letras. Ele lembra que existem várias academias maçônicas de letras no Brasil, mas a criada em Montes Claros se diferencia por ser de abrangência regional. “Vamos estimular ainda mais a atividade cultural no meio maçônico. Temos ilustres obreiros de relevância cultural” – destaca o presidente, que carrega a experiência de participação na criação de várias Academias, de 24 Rotary Clubes e do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.

            A reunião para criação da Academia Maçônica de Letras ocorreu na sede da Loja Maçônica Filhos de Hiram, de Montes Claros, no Bairro São José. O venerável André Ricardo Bastos Queiroz lembra que a loja maçônica decidiu aproveitar o antigo espaço do atelier para criar uma Biblioteca, mas quando foi procurado pela direção do Convenorte para a instalação da Academia Maçônica, não pensou duas vezes, cedendo logo o espaço. A loja tem alguns dos imortais, como Célio Barbosa de Castro, Iran Rego, Samuel Figueira, além de outros.

            O presidente do Conselho de Veneráveis do Norte de Minas, Silvio Césa Carvalho explica que a criação da Academia Maçônica de Letras foi uma iniciativa que surgiu na década de 80, diante do alto potencial de maçons nesta área. No ano de 2009, o então presidente do Convenorte, Hércules Costa e Silva retomou o projeto, que passou a ser lapidado e agora ocorre o seu desiderato. No mês de novembro de 2013, Silvio Césa formou a Comissão de Criação, com a participação de Geraldo Antônio Dias Guimarães, Itamaury Telles e Wanderlino Arruda para elaborarem todo processo de criação da Academia.


            Apesar de criada pelo Convenorte, a Academia Maçônica de Letras do Norte de Minas manterá o estilo das academias similares: será uma entidade paramaçônica, sem vinculação direta com o Convenorte. A instituição criada terá quarenta cadeiras com patronos maçons do Norte de Minas, já falecidos. Os primeiros levantamentos apontam a participação de obreiros da Maçonaria de Bocaiúva, Francisco Sá, Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora, São Francisco, São João do Paraiso, Taiobeiras e Várzea da Palma.